sábado, 29 de novembro de 2008

Prisão: A praça é do povo! - Domenico Almeida

Prenderam a praça, Floriano!
Que prosa essa, que surpresa, o que foi que desgraçou?
Doze anos represada, que nem tigre no xadrez
coreto, banco, árvores, passeio, tudo grade e cadiado!
Mas que agressão!
Quem é que apropriou com olho-grande o que era alegre?
Tremenda encrenca!
Bola-presa, contrabando, prostituta, ladroagem, desemprego,
bate-prego, amarração, estupramento, sangradouro,
vale-brinde, represália...
sem falar na cobra-grande, pedregosa profissão
expresso preço da praga, play-ground da droga
Vixe-Maria! Coisa braba!
E outro arranjo? Em vez de prender, não podia proteger?
Difícil, mais trabalho, mais depressa aprisionar, encarcerar
Mas o segredo, apropriado, é regredir a repressão
O compromisso, a promessa, é impregnar a praça
De arte, aprendizado, educação.
E se o pau rolar, a polícia, beleguim
Pra engradar no xilindró — não a praça inofensiva —
os que degradam a paz do povo
malogrando a alegria, a graça livre
sagrada a qualquer pessoa.
Não à prisão! Captura-cadeia, clausura da praça
Sim ao conviver! Prosa branda, surpresa, apreço humano, predileto.
Desprendam a grade da praça!
Empreguem arte no espaço!
Tirem a grade da praça!
Criem arte no espaço...!

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