domingo, 14 de dezembro de 2008

...e rolou a Festa!

...alguns dos Treze, mas são tantos, uns vintetrezes - "ma-ó-menu", como diria um dos personagens dos cordeis de Galdino; e observem a alegria do nosso "Rosa-Alvo" abraçado à pétalas de livros lindos. O Ivan - a ficha caíndo! Grande conquista meu estivador de pianos!
...Os livros com desenhos do Jozz (que tratou logo de segurar o seu). A capa: - É Verão E Noite! Tempo de Arte e Poesia! - ...fruto de um dos nossos "vintetrezes". - Sou testemunho: todos ansiosos, festa maravilhosa, despojada de assoberbações e falsos enredos: Superprodução! Superbela!

...recita para quem te ouve Serginho Poeta!
...que beleza a mesa posta aguardando poetas famintos! ...desde cedo a Sissy registrando tudo!...e aqui nos deixou um recado natalino:
"Olá mais que treze! Cá estão as fotografias!
Vcs podem fazer o download das fotos que desejarem!http://picasaweb.google.com.br/sissy.eiko/SANTOLARGO13
Beijocas"

...que presentão! Esse evento que rolou na Casa de Cultura de Santo Amaro, encruzilhada de tantas vidas e muitas estórias - que agora tem mais essa, um pouco nossa também que nos leva além... muito além!...nos dois sentidos, desde dos tempos idos do governo do Tenente Coronel Carlos da Silva Araujo; "E Salve! Salve! os Santos Silvas!"
...hoje abrigo de artístas, poetas, músicos, atores e transeuntes-santoamaroenses de todos os mundos compartilhando a diversidade de todos os sentidos
...a Poesia, o Teatro, o reconhecimento do Cláudio Lareautti e do introspectivo Paulo Almeida que muito acrescentaram ao projeto:
...atenta a tudo nossa editora Erika Pires que se entregou a um exaustivo trabalho contra o tempo, conquistando um belíssimo resultado: leve, claro, composto equilibrado, gostoso de manusear, um prazer a se descobrir...
...e da esq/dir: Show de Poesia com os Poetas, João Rosalvo tocando livros, Domenico na harmonia flautosa, Kadu "meu caetano" Ayala violando e Ivan Antunes, nosso querido hell-boy, afinando o verbo contra o sistema!

...toda alegria do mundo para o nosso anfitrião André Luís, descomprometido com tudo que não for pela arte, realizado e feliz, vencendor de lutas sobrepostas atracando com os containeres do camarim!
...Carlos Galdino e Sissy Eiko na montagem do painel de lambes: ...canta o "Ciclo de Vida" de Santo Amaro Indiara! Canta e nos redime!
...Ivan Antunes autografando ao lado da mais bela, nossa delicada sapientíssima princesinha Carol.
...presença dos poetas livres: Cláudio Laureatti sorriso solto, Rui Mascarenhas e o gran-estiloso-único Renato Palmares.
...André Luís esbaldado, fazendo um "triuo" escalada de glórias com os rapazes do projeto "Batuquedum"...o grupo de teatro que veio se desenvolvendo-crescendo durante as oficinas que nos proporcionou o projeto "As Treze Visões do Largo Treze" - também se apresentou com impressionante intensidade e profissionalismo ...RM e Domenico autografando um calhamaço dos "Treze" históricos mananciais de versos lúdicos
...o jogo "Foto" senso Sissy;
"Poema", esse em particular, Ad Rocha;
e detalhoso-preciso "Desenho" Jozz!
- um para cada "Santo Largo Treze"...até filme rolou - quanta coisa! - um documentário gerado a partir de cenas flagradas ao longo do acontecer super-projeto "As Treze Visões do Largo Treze"......que terminou em festa - um bolo comemorativo para esses encantados "mais que Treze's'" - que ficam!
Para toda a eternidade!Parabéns! Sucesso, Saúde e Paz a todos os participantes diretos e indiretos desse maravilhoso coletivo que deu certo!!

(RM)

terça-feira, 9 de dezembro de 2008

As Treze Visões do Largo Treze de Maio

Santo Largo Treze
Sábado 13 de dezembro - a partir das 13 horas!

.Convidamos a todos para o lançamento do Livro, antologia poética: “Santo Largo Treze” pela editora Annablume, que reuni poetas e artistas do projeto As 13 visões do Largo 13 de Maio - premiado pelo VAI 2008:

.. Teremos:
Exposição de Artesanato Hippie
Fotos Santo Amaro das Visões por Sissy Eiko
Causos de Santo Amaro com Santamarenses Ilustres!
Dança Santo Amaro! Fruto das Oficinas de Dança.
Teatro!
Exibição de Documentário realizado ao longo do projeto!
.
Mingau de tapioca e mingau de milho...
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Sarau Abre-alas
com nosso maestro Kadu Ayala e banda Joga Bonito.

. Sarau de Lançamento do Livro
Santo Largo Treze
com apresentação dos Treze Poetas.
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Conselho Editorial:
Joaquim Antonio Pereira e Filipe Moreau
Ilustração:
Jozz
Fotografia:
Sissy Eiko
Diagramação:
Erika Pires
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Textos:
Ad Rocha
Carlos Galdino
Cláudio Laureatti
Domenico Almeida
Erika Pires
Indiara Nicoletti
Ivan Antunes
João Rosalvo
Laura Guimarães
Paulo Almeida
Renato Palmares
Rui Mascarenhas
Serginho Poeta

Venha Para Um Grande Brinde Poético, Lítero-Musical-Artístico no Coração de Santo Amaro!
.
Casa de Cultura de Santo Amaro
Praça Francisco Ferreira Lopes – 434 – Santo Amaro.
(próximo a Avenida João Dias)
11 5522-8897

Santo Largo Treze de Dezembro de 2008!

sábado, 29 de novembro de 2008

Treze Poetas - Serginho Poeta

Serginho Poeta é Sergio Luis Oliveira Mesiano nas horas vagas. Morador do campo Limpo, nasceu em São Paulo, tem 38 anos e escreve poesia desde sempre. Sua descoberta como poeta se deu aos dezenove anos e a afirmação junto ao público, no antigo bar Ziriguidum, onde acontecia o Samba da Vela, comunidade que o lançou. Hoje é atuante em diversos movimentos e um dos organizadores da Expedición Donde Miras.

Largo e Profundo - Serginho Poeta

No instante
Em que o sino da igreja anuncia
A hora da Ave Maria
O Menino outra vez desafia
A Guarda Municipal
Precipita-se por entre o comércio informal
E o mar de gente confusa
Desce a alameda em queda livre
E vai se abrigar nos braços da Meretriz
O Ambulante canta a oferta
Abafando o alerta de pega ladrão
No instante seguinte
O Padre bendiz o Menino
No ato do seu sermão
E a Carola, samaritana boa
Que momentos antes
Perdera a bolsa e a fé nos meninos
Reza e perdoa
E tudo volta ao normal

Percebo um olhar de soslaio
No Largo Treze de Maio
Coberta de jóia falsa
A maquiagem realça
O rosto da Moça da Vida
E a pouca idade que tem
A Guarda esquece o menino
O Ambulante grita de novo
E o povo se agita na praça

É tudo pressa de novo
E o Ônibus passa
E passo Eu e o Menino
A Carola e a Puta
Só o Largo Treze não passa.

Treze Poetas - Rui Mascarenhas

Rui Mascarenhas nasceu em 1962, em Salvador, cidade histórica, às margens do caldeirão da Bahia de Todos os Santos, de todas as diversidades. Publicou, no final de 2007, o livro "MEIOHOMEM. Eternidade, Meu Canto Que Fica!", e desde então vem se dedicando à literatura e à fotografia participando de intensa programação literária no estado de São Paulo e em todo o Brasil a exemplo do Corredor Literário de São Paulo; Balada Literária; Espetáculo Cantos Negreiros, na Biblioteca Alceu Amoroso Lima; "Encontro Com o Escritor", promovido pela Associação dos Escritores Santamarenses, na Casa de Cultura de Santo Amaro; "Projeto Cidade Poesia", quando pela primeira vez recitou o poema "São Paulo", na Casa das Rosas, espaço cultural Haroldo Campos; "XV Festival de Artes de Itu"; "XI Congresso Internacional da ABRALIC", FLAP – São Paulo; "Vocabulário II", convidado pelos escritores e poetas Marcelino Freire, Chacal, Paulo Scott e Marcelo Montenegro; "Projeto Cartografia Web Literária", no SESC Consolação; Bienal do Livro de São Paulo, no Stand da Volkswagen, Parque de Exposições Anhembi; recital promovido pelo IV Congresso ABEH, Associação Brasileira de Estudos da Homocultura Universidade de São Paulo – USP; I Bienal Internacional de Poesia de Brasília, tendo alguns de seus poemas publicados na antologia "Poemário", organizado pela Biblioteca Nacional de Brasília - 2008. Escreve no blog autoral http://www.meiohomem.blogspot.com/.

Angola Janga - Rui Mascarenhas

..."aquele não foi o pior sofrimento quando íamo mato a dentro
fugindo a dente de cão"

Pior o rosto vincado nos anos de solidão e assombros!
Pior o olhar catatônico que não distingue onde estamos!
Pior viver a honra de tão maculada mágoa sob intermináveis escombros!
Pior o degredo da alma no limbo que não diz quem realmente somos

..."Angola Janga surge a qualquer momento!
.............................(...a qualquer momento)"

..."com as forças de Olorum! de Olorum!"

Nosso Alimento!

"muitos moços moças - poucos velhos dando o exemplo
aos que nunca chegaram tão longe - a sol poente
aos que nunca aqueles matos investigaram"

Nego bom não se rende! Não se vende!

"mato que cortava feito navalha,
e pio de pássaro nunca ouvido – seguido
por olho de índio menos temido que os ferros da senzala"

...e quando a noite caía, ninguém entendia a tormenta que se passava.

E naquela noite,
Eu quis a morte de imediato!
Mas a morte não me quis!
Em Pânico devora-me as entranhas!
Em Pânico ressuscito!

Aí De Nós Quando A Noite Nos Deixar Se Pudermos Abrir Os Olhos À Realidade Fitaríamos Com Horror A Vida O Espírito Haveríamos De Despertar E Que Certamente A Mercê De Tantas Atrocidades Deixaria O Corpo Transfigurado Ao Extremo A Ponto De Partir Pois O Espírito Não Nos Quer Atados Ao Mundo Quer Abandonar-Nos A Qualquer Momento

"...e fomos encontrando terra boa,
Boa como os deuses haviam dito!
Bendito Exu! Que nos trouxe a essas alturas!
Bendito Oxossi! Por debandar esses malditos!
Bendito São Benedito! Aos que existem na extensão de minha textura!"

II

Vejo que muitos anos se passaram
Do Cafundó a Santo Amaro,
Onde a morte não me quis naquela noite...
Nem a lenta agonia do açoite!

...e encontro nossas antigas casas de dandaka embrutecidas!

Lado a lado sobremesmos ombros lacerados,
Meu Desorganizado Quilombo!

Vejo o intenso colorido que derrama quando essas delicadas habitações de miúdos abrem suas portas...

O sangue a escorrer-lhes as veias de vias em avenidas expostas
Que de súbito amanhece exalando os odores agreste dos Silvas,
das frias calçadas sob as costas...

...E Salve! Salve! Os Santos Silvas! Os Joseniltons também!
Que dia a dia revivem a mesma enxotada refinada de horrores
Às vistas cegas da Igreja Matriz da Eterna Glória dos Honoráveis Senhores!

...vejo quão tristes teus filhos são!

...um amargo frescor lhes saem das janelas do riso como se entoassem cânticos de alegria no exílio.

...sigo por entre ruas estreitas e tortas

...o sândalo perfuma o machado que o corta.

Treze Poetas - Renato Palmares

Renato Palmares, poeta membro da ASSESA (Associação dos Escritores de Santo Amaro), um dos organizadores do evento Humanitude, responsável por projetos como o Sarau no Albergue Santo Dias em Santo Amaro.

O preço da fantasia - Renato Palmares

Elas estão por ali:
Rua da Matriz, Alameda Santo Amaro , Barão do Rio Branco, praça Floriano...
Largo Treze De Maio.
Santo Amaro rogai por elas!
Posto que ninguém mais roga!

Elas estão por ali...
Damas da noite florindo na calçada:
Perfume, batom, minissaia...
Vendendo fantasias que não se sabe,
Não podem ou não querem comprar...

Lábios imaculados, lábios violentados!
Leite, mel e açoite...
Ganhando a vida, perdendo a vida...
Santo Amaro, rogai por elas !
Posto que ninguém mais roga...

Elas estão por ali !
Sol escaldante, friagem da madruga...
Caras, bocas, bundas, coxas...
Nem tão livres... nem tão pobres...
Utilidade pública, utilidade púbica!

Santo Amaro, rogai por elas!
Posto que ninguém mais roga...
Santo Amaro !
Santo!...Céu!... Milagres!... Orações!...
Elas, profanas... inferno... orgasmos... ilusões..

Treze Poetas - Paulo Almeida

Paulo Almeida, poeta tardio, obcecado e um tanto melancólico. Dado a extravasos, excessos, extravios e pensamentos vagos. Tudo sob uma capa de aparente normalidade. Respira como se de fato existisse. Não sabe mais o que sabia, às vezes intui e escreve e nomeia

Santo Amaro de Vários Artistas - Paulo Almeida

Nem todos os demônios se dissiparam
Na barra da manhã...
Quando amanheceu era sábado,
O sétimo dia,
E pouca coisa era sagrada :
Quem sabe a necessidade do camelô
Dizendo nunca se sabe ,
Atento à guarda municipal,
Quem sabe a pouca idade da menina
Calcando ruas já tão prostituídas,
Quem sabe a febre de Paulo,
Eiró,perseguindo noivas,poemas,
e represas entre ruas, catedrais
E hospícios .
Na casa amarela treze poetas
E treze visões se entrelaçam.
Colecionadores de pedras
Extravasam poemas e vidraças
Com um novo olhar .
Um planeja ornar com flores
A carabina de Borba Gato.
Outra ,poeta e menina,
Dança no coreto enquanto recita
Nua poesia sobretudo Santo Amaro.
Vamos ao largo de dvds , piratas ,
E da catedral sufocada,
Colocar versos na boca da estátua,
Ouvir o uivo dos albergados,
Confissões púbicas e sem preço
Da fantasia em hotéis baratos.
Vamos comungar o pão e a poesia,
Perecíveis artistas no monumental teatro das ruas.

Treze Poetas - Laura Guimarães

Laurinha Guimarães tem 22 anos e cursa Letras na USP. Sua poesia é carregada de musicalidade e sonoridade, já que, além de poeta, é violonista, cantora e compositora. Já apresentou-se na Casa das Rosas, Teatro do Ator e no projeto "A Curva da Praça", que lhe rendeu o convite para participar deste projeto: "Treze visões do largo treze de maio".

Ecos do Largo Treze - Laura Guimarães

Que tipo de fé, seu moço,
consola as noites
desse pedaço de chão?

Sabe, seu moço,
um tipo de Deus diferente
passeia pelo Largo.

Pequenos milagres
escorrem pelas sarjetas
e abotoam as camisas
daqueles que não as têm.

O sopro de sarcasmo que falta
transborda dos copos cheios de mágoa
que toma conta do corpo
daqueles que não têm mais corpo, não.

Sabe, seu moço,
há um rio mudo
correndo, ao largo,
por entre as veias desse povo.

Correnteza forte, sim senhor!

Sabe, seu moço,
há um largo sorriso de medo
preso em suas gargantas.

Protestariam, se soubessem.
Contestariam, se pudessem.

Mas de que adianta força sem direção?

O pai de família corre atrás do pão.
A dona de casa faz milagre na ponta da faca.
A criança faz brinquedo do lixo que sobra.

Do pouco que sei,
sei que esse pedaço de chão
é como se fosse o mundo inteiro.
Santo Amaro.
.......................Meu mundo, meu chão.

Treze Poetas - João Rosalvo

João Rosalvo da Silva Júnior, tem 23 anos, é natural da capítal paulista e nela mora desde que nasceu, mais precisamente no distrito de Santo Amaro (região de Guarapiranga). Há 4 anos se mudou para o Jardim Catanduva, na região de Campo Limpo, mas não perdeu suas ligações com Santo Amaro. Está no último ano do curso de letras na (falida) Universidade de São Paulo (USP).
Como poeta participou do movimento Sarauê, além da organização dos dois Festivais de Música e Literatura da Faculdade de Filosofia , Letras e Ciências Humanas (FFLCH - USP), tendo um poema (SONIFESTO) publicado no livro do primeiro festival. Ao ser convidado para participar das "Treze visões" relutou, pois não sabia exatamente qual a proposta, mas hoje se entusiasma com as dimensões que um movimento como esse pode ter e espera que seja um forte sopro para reavivar a chama da cultura para a região santamarense e com essa chama incendiar a cultura de uma maneira mais ampla.

Ao Santo armado - João Rosalvo

ajoelhado
devotado em oração
surge no banquinho inexistente da praça
um homem
na noite
que diante de sua devoção paulista
(a estátua do Borba Gato)
começa:

"Oh, meu Santo Armado,
de guerra construído e preparado,
que guardas a cidade amarga de barro,
bairro da grande metrópole, São Paulo,
meu tempo anti-lunar vem te pedir,
salve nossas noites de esperança
salve nossas boites, nossas danças,
nas ruas terminais de Santo Amaro
nas praças floreais de poucos atos,
nas casas da antiga: antigos fatos.

Fazei de nossa flor Matriz,
da alameda eira e da Eiró Meretriz,
a chave para acharmos o paraíso,
asfalto e carro e condutor divinos.

Com goles de cerveja, salvai as nossas almas padecidas
e as pobres caras, um tanto parecidas
dos jovens moços que roem o osso sujo e bebem do esgoto pútrido da cidade esquecida.

Aos maltrapilhos que cantam vícios
em coro triste no coreto limpo da Floriano,
dá menos planos e mais oportunidade
de fumarem um cigarro novo por noite
ou de cobrirem seus corpos poucos com lençóis de verdade.

Salve nossas Ladys e nossos End Nights.
E salve esta alma de homem pobre
que toda noite se cobre com manto de jornal
e diante da lua: silêncio sepulcral;
clama pelo povo sofrido
da noite querida
da Santo Amaro perdida
entre os becos e os beijos de suas meninas."

Treze Poetas - Ivan Antunes

Ivan de Azevedo Antunes Corrêa, 1984, professor, funcionário público. Está se formando em Letras USP, realiza atividades culturais no Paço Cultura Júlio Guerra - Casa Amarela. Foi vendedor de plano de saúde no Largo Treze de Maio e é um dos idealizadores e organizadores do projeto "As Treze visões do Largo Treze de Maio" premiado pelo VAI em 2008. É o poeta que mais falta em saraus. Aliena- com a conclusão do curso de Letras e com o Corinthians. Auxiliou na organização das edições da FLAP (Festa Literária Aberta ao Público), foi um dos idealizadores e organizadores do Sarauê! (Sarau da Faculdade de Letras/USP). Tem textos publicados no Livro do I Festival de Literatura - Faculdade de Letras - FFLCH-USP (Dix, 2006); Antologia Vacamarela (2007); Revista Áporo (2008); II Festival de Letras da FFLCH (Humanitas, 2008); Zine Mentolado (2008); Trezine I e III (2008); Participou do XV Festival de Artes de Itu em 2008 na Biblioteca Prof. Waldir de Souza Lima; Foi convidado a fazer parte da antologia Ávida espingarda (Dix,2009). Mantém projetos acadêmicos sobre a Literatura de Periferia. É filho da dona Silvia e do seu Luiz, é o namorado da Carol e a ama muito, é um desses que até o fim do ano pode ficar louco da cabeça, sem namorada e sem família metido em tantos projetos. Vai ver que é pedra no teu sapato, vai ver que é corda do coração, enquanto tiver força pulsa.

Largo Treze de Maio - Ivan Antunes

leva capa do celular
leva dvd barato
quatro meu é um
gelada coca gelada
gelada brahma gelada
amendoim do he-man
come o meu aqui faz neném
vem o carro do pão doce
tem pão de creme de côco
tem pão de creme de milho
atestado de saúde
faço dez o atestado
faço exame de vista, dentista
olha ótica ótica ótica tia
eu compro: ouro
dólar euro ouro
bom dia senhor.
bom dia?
posso falar um minuto?
posso te ajudar um minuto?
posso te assaltar um minuto?
posso te surrar um minuto?
posso te matar um minuto?
cheguei afim de venda
só não quero é caroço
hoje faço promoção
vendo aqui a banca inteira
olha o cafezim com leite
(amendoim do japonês)
é caldo de cana do bacana
tapioca toda doce
o carro do pão doce vai passar
é o queijo das minas do mineiro
tem saúde tem plano de saúde
ultrassom
faz na agora senhora?
chegue cá gato,
namorá amá rolá?

brincá
de fazê filho?
é dez: garanto a diversão.
amai-vos sempre uns aos outros
contribua sempre teu reino
foge dos pecados da carne
e ale lu i a

"- VEM RÁPA"
vai
pau
polícia
sem papo.

fim da sinfonia
popular

Treze Poetas - Indiara Nicoletti

Indiara Nicoletti Ramos nasceu dia 9/7/1979 em Santo Amaro, São Paulo – SP. Passou boa parte de sua infância neste bairro, participando de atividades culturais na Casa de Cultura de Santo Amaro (antigo CACE) quando era criança. Estudou no Colégio ENSEL – Externato Nossa Senhora De Lourdes, na Rua: São José.
No colegial aprendeu fotografia, formando-se como técnico em Publicidade e foi também no colegial que começou a escrever poesia e a desenhar e pintar...
Participou do projeto de pintura de postes(intervenção urbana): Totens da Paz, no bairro da Lagoa da Conceição em Florianópolis, coordenado por Lis Figueiredo.
Atualmente estuda Artes Plásticas na UDESC(Universidade do Estado de Santa Catarina), aonde vem realizando trabalhos em Artes Visuais utilizando-se de diversas técnicas e linguagens como: gravuras(metal, litogravura, serigrafia), fotografia, vídeo-arte e vídeo-poesia, desenhos...
Em Janeiro de 2006 participou da exposição "Feliz aniversário Nelson Leirner", com um trabalho em Litogravura na galeria Casa da Xiclet em São Paulo.
E entre Junho e Julho de 2006 participou da exposição"Emparedados" no MHSC Museu Histórico de Santa Catarina (Palácio Cruz e Souza), com um trabalho coletivo juntamente com Gabriela Dreher e Fernanda Junqueira um site-arte tendo como foco o próprio Museu Histórico, Palácio Cruz e Souza.
Em 2007 e 2008 vem participando do Sarau Boca de Cena, em Florianópolis. Projeto de Extensão Universitária pela UFSC (Universidade do Estado de Santa Catarina) coordenado por Juliana Impaléa.
Em 2008 teve poemas publicados nas revistas: "Sarau Boca de Cena em revista" Florianópolis-SC e revista "Não Funciona" – São Paulo-SP.

"Ciclo de Vida" - Indiara Nicoletti

Gira rodopia
a criança no coreto
Menina que dorme
de olhos semiaberto

No relento da calçada
O plástico preto
que sonora ao vento

Pode ser o cobertor
Pode ser a cama
Para o mijar
Embriagado

Os olhos fecham-se
Na esperança de um sono
Continuo ...

Mas o som da praça
Adormecida
De gritos de liquidações
Mudas

Na voz muda de garças
Que migram em direção
As águas represadas

A menina passeia
As margens da Guarapiranga

Muitas crianças
Pulam se jogam
Nas águas em
Um dia de sol

A mãe pede ao filho
Que não arrisque
A pele na sombridez
Da água turva

Mas o menino vê o verde
Do parque da mata
Do corredor de arvores
Ao lado da hípica

O céu azul
Refletido nas
Águas

Ora mansa recheada de peixes
Ora redemoinho que engole gente
Nas turbinas da Sabesp

A menina sonha
Os cabelos acariciados
Pelo vento

Pelas mãos de vento
Da Donzela Guaianazes
Moça que também
Habita a praça

Viajante de outros tempos
Raiz plantada nestas terras
Aos pés da árvore tombada
Para a construção do camelódromo

Plásticos brandam
Mortos, matéria
descartada

Olhares esquecidos
Na calçada composta
De passos ligeiros

Marcas nas mãos
Ciclo de vida

Reciclar as relações
Corriqueiras, fugazes
Como as promessas
Da cidade das luzes modernistas

Um dia no coreto
Habitou uma princesa
Bonecas de porcelana
Na jazida casa alemã

Bomba de chocolate
No rosto emnuviado
Da menina
Na jazida doceria Yramaia

Ecos de vozes do papagaio
No corredor da madrugada
Na também jazida pensão
Talvez uma Espanhola

Sonha a menina
Travesseiro de colo materno
Da donzela Guaianazes

Ela seria mãe
Se não fosse
Interrompida por
Fogo azul

Jaz Borba ao vento
Duro concretizado
No mosaico de Júlio Guerra

Borba andarilho de ladrilhos
Dá as costas para o fruto
Da semente mal plantada

Cayubi olha sua filha
Hoje mãe acariciando
Os cabelos da menina

Gira a menina no coreto
Ciclo de vida
Ciclo das águas
Que levam as lágrimas de mazelas

Julio Guerra limpa as pedras
De mármore e basalto
Julio Guerra lava o painel
Poluído por tinta preta

Em casas de outrora
Espanhóis, Portugueses
Alemães... habita uma tela
De Júlio que observa
A porta Veneziana do teatro

Lava as pedras no painel
Com lágrimas derramadas

Descansa Júlio Guerra

As lágrimas que brotam da terra
Na construção do metro
Fura o lençol freático

Com sede, do alto
A menina observa
Acompanhada
Pela donzela Guaianazes

Na igreja
Vultos de um jazido cemitério
Assustada ela volta para o coreto

Cayubi limpa o sono
De quem dorme ao relento
Guaranis com suas maracás
Hoje em Parelheiros

Cayubi abençoa a praça
Terebê planta ao pé
Da grande arvore
A semente de um povo

Útero da Terra
Aqüífero Guarani
Jorrando água
Na calçada

Cayubi guardião de toda a Terra
Olha a praça de frente
Com sua gente
Sua casa amarela

Onde em uma madrugada
Uma cidade virou bairro
Promessa fugaz...

Cayubi olha Borba
Olhar concretizado
Pelo chumbo
Olhar amolecido
Pelas lágrimas

Água Guarani
Sangue da Terra
Água cíclica
As margens da represa

Ciclo de vida na matéria ignorada
Trabalho de mãos calejadas
Jorrando o desperdício na calçada

Hoje são poucas as arvores
São diferentes os frutos
Plástico brotando no concreto

A donzela Guaianazes
Puxa um galho de Jasmim
E abençoa sua filha tão pequena
Tão sofrida

Com um beijo deixa a praça
Ciclo de vida na calçada

Criança gira no coreto
No tempo sonha
E com o vento
Se despede

Treze Poetas - Erika Pires

Erika Pires é poeta, designer gráfico e estudante de Letras pela Universidade de São Paulo. Dedica-se, atualmente, ao estudo de artistas conceituais dos anos 70 no museu onde trabalha (Museu de Arte Contemporânea) e faz parte do conselho editorial da Revista Áporo – revista dos estudantes de letras da FFLCH, desde seu início, em 2007.

O Limpo - Erika Pires

Se Paulo Amaro,
São Paulo Eiró:
Do arrabalde um canto
em pés marcados
pelo amargo pó.

Sangue limpo, ou quase -
São sangues derramados
pelas beiras
do santo.
São Paulos agrilhoados
- eiras da quase cidade.

.São sonhos de humanidade
em liames angustiados.
São versos
silenciados.
São eco – refúgio das Arcadas
– mansitude e liberdade

.Arroubos e perfeições
de infortúnio
– plenitude em fuga às instruções:

.Na morosa vila Ibirapuera
O quase padre-jurista, poeta
Fez animar revoltas a sua era
E

Em cantos d’um santo malfadado,
encontrado o pranto contra-atado,
à recolha do manto-encanto famigerado
da doutrina

.de ser-vir e ser pecado
por amar em fugas, agridoce sorte
e

Treze Poetas - Domenico Almeida Coiro

Domenico Almeida Coiro, poeta, músico, bacharel em composição e mestrado pela Unicamp .
Compôs para diversas formações instrumentais, espetáculos de dança, teatro, vídeo-poesia e performances.
Apresentações, na cidade de São Paulo, no MASP , Centro Cultural Vergueiro, Goethe Institut, e nos festivais de teatro de Curitiba e Diamantina.
Tem poesias nas revistas virtuais Zunái e Cronópios e livros ainda não publicados.

Prisão: A praça é do povo! - Domenico Almeida

Prenderam a praça, Floriano!
Que prosa essa, que surpresa, o que foi que desgraçou?
Doze anos represada, que nem tigre no xadrez
coreto, banco, árvores, passeio, tudo grade e cadiado!
Mas que agressão!
Quem é que apropriou com olho-grande o que era alegre?
Tremenda encrenca!
Bola-presa, contrabando, prostituta, ladroagem, desemprego,
bate-prego, amarração, estupramento, sangradouro,
vale-brinde, represália...
sem falar na cobra-grande, pedregosa profissão
expresso preço da praga, play-ground da droga
Vixe-Maria! Coisa braba!
E outro arranjo? Em vez de prender, não podia proteger?
Difícil, mais trabalho, mais depressa aprisionar, encarcerar
Mas o segredo, apropriado, é regredir a repressão
O compromisso, a promessa, é impregnar a praça
De arte, aprendizado, educação.
E se o pau rolar, a polícia, beleguim
Pra engradar no xilindró — não a praça inofensiva —
os que degradam a paz do povo
malogrando a alegria, a graça livre
sagrada a qualquer pessoa.
Não à prisão! Captura-cadeia, clausura da praça
Sim ao conviver! Prosa branda, surpresa, apreço humano, predileto.
Desprendam a grade da praça!
Empreguem arte no espaço!
Tirem a grade da praça!
Criem arte no espaço...!

sexta-feira, 28 de novembro de 2008

Treze Poetas - Cláudio Laureatti

Poeta, ator e cidadão nasceu em São Paulo em 1974. A literatura/teatro é a maneira que encontrou de escrever/traduzir a cidade.

Largo 13 direções ciganas com você - Cláudio Laureatti

Vem de lá
..............libertos
Vem de cá
...............rosas desabrochadas
Vende flores incendiárias
revolucionárias
Vende Nordeste pra Sudeste
Vem de América(nópolis)
Joaniza )Hip Hop( Missionária
Vem do verde de HigieNópolis
Vende rolo e papel
Escamas duras
vem de peixe
Vende peixe
Vem de Guarapiranga
índios iguais a mim
Uma flor no berro do Borba Gato
O mau não merece ser mencionado

Romances de Paulo Eiró
sonhos ruínas e um filho só
Só lhe dão atenção se for rápido e bom
Nos levaram tudo deixaram palavras
É santo amar o blues
Jabaquara Terminal Santo Amaro
fogem Imigrantes diversos
pra outras bandas outras casas
outras praias rasas de camelô
Amores que tive e aqui não confesso
Vem de coração
Vende coração-balão
Abençoado camelô da bixiga

Treze Poetas - Carlos Galdino

Carlos Galdino é poeta e produtor musical, atuante na cena artística de São Paulo, tem seis coletâneas de poesia publicadas, entre elas: "Novos poetas da Biblioteca Mario de Andrade", "Notas Poéticas", "Versos Versus Versos", todas pela Meireles Editorial. Ministra oficinas de cultura popular, literatura e cordel. Apresenta-se em saraus e eventos artísticos em geral. É líder do grupo Candeeiro Incendiário (mistura de cultura popular, cordel, aboio, repente e percussão) e do Coletivo S.A.M.P.A - Serviço Ambulante de Música Poesia Alternativa, coletivo que se apresenta com performances poéticas, realiza eventos, edita zines, e a Revista Subsolo – voltada para artes e cultura.

A Curva da Praça - Carlos Galdino

A curva da praça
é curva de rio
Tem gente com fome
Tem gente com frio

Na curva da praça
Tem gente que fica
Tem gente que passa
Tem gente esquisita

Na curva da praça
Tem gente que joga
E gente jogada
Tem gente com tudo
Gente sem nada

A curva da praça
Tem crime e segredo
Tem gente esperta
E gente com medo

A curva é de um só
A curva é de massa
A curva tem preço
A curva é de graça

A curva da praça...

Treze Poetas: Ad Rocha

Adi Rocha - Nasceu em Fortaleza, Ceará. Estudou artes plásticas com o pintor César Gabrielli. Cursou durante 5 (cinco) anos o Conservatório de Música Alberto Nepomuceno. Participou de festivais de música em Fortaleza e Brasília. Mudou-se para São Paulo em 1988. É membro efetivo da AVBL (Academia Virtual Brasileira de Letras). Faz parte de "União Brasileira de Escritores" (UBE). Foi 1º colocado no festival de poesia "Solvay 50 Anos" , em 1995, e também no concurso nacional OFICINA DO AUTOR (Funarte – Ministério da Cultura), categoria romance (A Cabeça do Silêncio), ainda inédito, com revisão do escritor Antônio Torres.

terça-feira, 25 de novembro de 2008

Metrô: do nada ao sonho - Ad Rocha

Por aqui
passaram as mulas dos bandeirantes
abrindo picadas
as parelhas com as tralhas dos imigrantes

Por aqui
passaram as procissões
com a imagem em andor de Santo Amaro
os magarefes, saltimbancos e vates
os camelôs com suas quinquilharias

Ao lado da Matriz do Largo 13
jaz uma placa
indicando a última viagem dos bondes
onde hoje, ali mesmo
inicia a nova rota do metrô
ligando o sonho ao nada

quinta-feira, 20 de novembro de 2008

Muito mais que 13...

Gil (VAI), Ivan Antunes (um dos Treze) e Rose (também do VAI), discutindo Poesia do "Santo Largo Treze"

A partir dos TREZE pontos LEVANTADOS sobre o Largo TREZE de Maio, o projeto "As 13 VISÕES DO largo 13 de maio" PATROCINADO pelo VAI em 2008 conseguiu DEMOCRATIZAR o acesso à cultura em Santo Amaro. NO INÍCIO pretendiamos ABRAÇAR o mundo e POR FIM compreendemos que FAZER ARTE e promover cultura em SANTO AMARO não é nada fácil.
O CHOQUE de dinâmicas sociais de Santo Amaro é assustador: DE UM LADO a periferia da zona sul de São Paulo, DE OUTRO lado bairros nobres. No centro disso tudo o Largo treze de Maio, um lugar em que PESSOAS apressadas não arrumam tempo nem de olhar POESIA NAS PAREDES.
As mesmas pessoas apressadas diariamente teimam em não ouvir ARTE NOS GRITOS de marreteiros e assustadas apertam o passo para não sentirem o odor das PROSTITUTAS e dos CACHACEIROS que se misturam ao CHEIRO DE CHURRASCO de gato das proximidades da Floriano Peixoto. NO ESPAÇO pouco pra muita gente.

Esse Largo Treze tem é ARTE DA SOBRA, poesia e história pra contar. "SANTO Largo Treze", um contraste da mistura do dendê com a capa do celular do churrasco de gato, com o dvd barato, da poesia e história nossa. É santo porque é LARGO e 13.

(IA e RM)

Lambes Lei Poesia Cidade Limpa!

lambes,
idéia da sissy eiko
diagramação da própria
ilustra do jozz
nessa primeira etapa
de boa
tomando cuidado com a lei
cidade limpa ( ?)
participaram:

paulo de almeida
ivan antunes
joao rosalvo
rui mascarenhas
ad rocha
domenico de almeida
renato palmares

...a idéia é divulgar poesia por postes e praças de santo amaro, como a floriano peixoto e outras etc e tal, na tua rua quem sabe?

vamos encher nossas veredas com pinches de poesias!
participe também!

(IA e RM)