sábado, 29 de novembro de 2008

Ecos do Largo Treze - Laura Guimarães

Que tipo de fé, seu moço,
consola as noites
desse pedaço de chão?

Sabe, seu moço,
um tipo de Deus diferente
passeia pelo Largo.

Pequenos milagres
escorrem pelas sarjetas
e abotoam as camisas
daqueles que não as têm.

O sopro de sarcasmo que falta
transborda dos copos cheios de mágoa
que toma conta do corpo
daqueles que não têm mais corpo, não.

Sabe, seu moço,
há um rio mudo
correndo, ao largo,
por entre as veias desse povo.

Correnteza forte, sim senhor!

Sabe, seu moço,
há um largo sorriso de medo
preso em suas gargantas.

Protestariam, se soubessem.
Contestariam, se pudessem.

Mas de que adianta força sem direção?

O pai de família corre atrás do pão.
A dona de casa faz milagre na ponta da faca.
A criança faz brinquedo do lixo que sobra.

Do pouco que sei,
sei que esse pedaço de chão
é como se fosse o mundo inteiro.
Santo Amaro.
.......................Meu mundo, meu chão.

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